domingo, 29 de julho de 2012

VINHOS COM SOTAQUE NO RESTAURANTE G-SPOT

Foi no passado dia 14 que o enólogo António Narciso trouxe o Dão a Sintra para apresentar alguns dos seus vinhos. E trouxe 3 produtores com sotaque. Quinta das Marias por Peter Eckert, suíço, Fonte do Gonçalvinho por Casimir e Christelle da Silva, francês, e Quinta Mendes Pereira por Raquel Mendes Pereira, brasileira. Para organizar o menu, Manuel Moreira, escanção e um dos donos do restaurante G-Spot na Vila de Sintra. E que menu ele escolheu e bem. Começámos por provar o Fonte de Gonçalvinho Rosé 2010 feito de Touriga Nacional e Aragonêz, um vinho frutado, nada enjoativo, doce equilibrado, acidez média e com algum corpo, final curto. 15,5
Seguiu-se o jantar onde o menu foi creme de ervilhas, vieira fumada e sapateira, onde os vinhos a acompanhar foram o Quinta Mendes Pereira Encruzado 2010 e o Quinta das Marias Encruzado 2010. Estiveram os dois vinhos à altura do prato, mas em harmonia gostei mais do Quinta das Marias. O primeiro, fresco, algum lácreo, acidez alta, fruta madura, muito equilibrado, com destaque de citrinos e ligeiro mineral. 15
O Quinta das Marias apareceu com menos fruta que o anterior e mais madeira, boa estrutura, floral, encorpado, ligeiro doce oriundo da madeira. 16
Seguiu-se de garoupa assada, quinoa com tomate seco, morangos frescos e poejo. Para acompanhar este prato tivemos os tintos Quinta Mendes Pereira 2006 Escolha da Produtora e Quinta Mendes Pereira Reserva 2007. O primeiro, fantástico. Aroma com ligeira fruta mas presente, mentol, boa frescura, sendo na boca a explosão, com ameixa, suave, bom corpo, fresco e final médio/ longo. 17,5
O Reserva 2007, mais frutado, mineral, acidez perfeita. Grandes vinhos. 17
Passámos para um entrecosto com favinhas onde os acompanhantes foram os Fonte de Gonçalvinho. Primeiro, um Tinta Roriz 2010 maravilhoso, como eu gosto desta casta. Ligeiro balsâmico, fruta preta, ligeira madeira, tudo bem conjugado, muito elegante, baunilha ligeira, final longo. Vinho ainda novo e com grande potencial. 16
Seguiu-se o mais falado da noite, Fonte de Gonçalvinho Inconnu Reserva 2010. Madeira, fruta, compota, cereja preta, figos, cacau preto, longo, persistente e frescura. Grande vinho. Mas saber quais as castas que o fazem é que não se soube, pois é o que o nome diz, desconhecido. Pareceu a quem provou, Tinta Roriz com Touriga Nacional, mas o João Barbosa, onde podem ler aqui o que escreveu, apostou em Sirah. Mas também se falou da Jaen, apesar de António Narciso dizer que não gosta muito da casta, mas que o produtor a tem plantada. O que será não sei, o que comprovei foi que estamos perante um grandioso vinho. 17
Por ultimo, arroz de pato e magret de pato fumado. Os vinhos foram o Quinta das Marias Touriga Nacional Reserva 2010 e o Quinta das Marias Cuvée TT Reserva 2010. O primeiro, ainda muito novo, floral, fruta madura, balsâmico, amêndoa, madeira presente. Precisa de garrafa para haver casamento entre a fruta, madeira e acidez. 14
Quanto ao segundo, muito bom. Floral, ameixa, cogumelos, mineral, bom corpo, fruta bem presente mas sem enjoar, intenso e longo. 17
Para finalizar, a sobremesa. Bolo de alfarroba com sorvete de framboesa, com chocolate. Para acompanhar, era à nossa escolha, onde escolhi o Inconnu 2010 e por ali me fiquei. Que par perfeito. Já no final e depois dos cafés, Raquel Mendes Pereira trouxe para a mesa um Quinta Mendes Pereira Reserva 2005 que estava simplesmente suberbo.
Com esta prova, António Narciso quis mostrar que sendo o enólogo dos três produtores, de diferentes zonas do Dão, pode fazer vinhos bem diferentes uns dos outros, mostrando sempre grande qualidade no seu trabalho. Um conselho, apostem e provem vinhos do Dão e vão comprovar que esta região tem tanta ou mais qualidade que outras de primeira opção para compra. 
Obrigado.




foto de Carlos Janeiro



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