Lavradores de Feitoria, 9 de Dezembro de 2011
Foi no dia 9 de Dezembro que fiz a visita à Lavradores de Feitoria, em Sabrosa. Localizada na zona industrial, o que não é comum mas percebe-se. Este grupo foi criado em 2000, e tem 18 Quintas associadas ao longo do Douro, sendo 15 produtores, e, para haver um consenso entre todos, optou-se por não utilizar uma quinta como é costume, mas sim um espaço onde todos iriam depositar as suas uvas, e assim fazer-se em conjunto os vinhos. A zona industrial tem como benefícios água potável, electricidade industrial, esgotos e acessos, tendo também instalado uma Etar para tratamento de águas para lavagens de depósitos e afins. Na minha opinião, este projecto é um exemplo e devia ser seguido por mais produtores de todo o País em vez de alguns baixarem os braços e desistirem. Como administradores, este grupo tem entre outros Dirk Niepoort, amado por muitos, menos amado por alguns, mas com toda a certeza um dos grandes homens do Douro, que fez ver a todos que se pode fazer muito pela região, pelo vinho e pelo País.
Fui recebido pelo Paulo Ruão, enólogo do projecto, que nos foi contando a história do enquanto íamos passeando pelo exterior e depois interior das instalações, que mais abaixo podem ver em fotografias. Depois de uma boa conversa sobre como tudo começou e como ele foi lá parar, pois o Paulo Ruão estava na Ramos Pinto, fomos então à prova.
Começámos com o Lavradores de Feitoria Branco 2010, muito frutado, fácil, boa acidez, excelente para o Verão com relação preço/ qualidade muito boa. De seguida, o Três Bagos Branco 2010, mais trabalhado, com outra estrutura, devido a 30% ter estagiado em barricas. Muita fruta, mais encorpado que o anterior, mais tropical, algum fumo. Bom final. Três Bagos Sauvignon 2010, muito bem feito e de boa qualidade. Frutado, mineral, espargos e leve maracujá a sentir-se de inicio, mais complexo e de final médio. Gostei. Para acabar os brancos, Meruge 2010, feito com a casta Viosinho e com estágio em carvalho português durante 6 meses. Brilhante. Fruta em excelente casamento com a madeira, fumo, boa acidez, longo, complexo, cheio, untuoso. Um vinho que dá gosto de namorar e desvendar seus segredos à medida que agitamos o copo, cheiramos e provamos. Vinho do Douro, aroma do Douro é o que nos dá este Viosinho.
Passando aos tintos, começámos com Lavradores de Feitoria Tinto 2009. Vinho fácil, de dia-a-dia, pronto a beber, suave e bem trabalhado. O Três Bagos 2007 já se apresentou mais complexo. Frutado, mas sendo o primeiro ataque a suor, ervas ou relva verde, frutos vermelhos, ligeiramente especiado, com taninos presentes mas suaves e final médio/ longo. Passámos ao Gadiva Reserva 2007, novidade recentemente lançada, ficou um pouco atrás do Três Bagos 2007. Frutado, fresco, mais aberto, menos complexo, ou seja mais fácil, com boa estrutura, taninos presentes e final longo. O grande público vai gostar. Meruge 2007, o vinho. Feito para ser diferente, para se chegar mais a vinhos da Borgonha, com menos fruta e mais complexidade, fabuloso. Frutado q.b., elegante, fresco, untuoso, com taninos suaves e de final longo e persistente. Também estagiou em carvalho português, o que pelo explicar do Paulo Ruão, foi a madeira que mais gostou e conseguiu o efeito pretendido, dando outra complexidade ao vinho e diferenciando-o por isso mesmo. Por último, Quinta da Costa das Aguaneiras 2007, um Douro genuíno. Frutado, compota, especiado, ligeiramente adstringente, longo e persistente. Mastiga-se a cada gole que fazemos. Muito bom.
Queria desde já agradecer ao Paulo Ruão pela disponibilidade e amabilidade que teve, agradecer também à Olga Martins pela companhia no final da visita, e agradecer à Joana Pratas pela visita que me proporcionou. Obrigado a todos.
Nuno Ciríaco
Notas
Lavradores de Feitoria Branco 2010 - 14
Três Bagos Branco 2010 - 15
Três Bagos Sauvignon 2010 - 15,5
Meruge Branco 2010 - 16,5
Lavradores de Feitoria Tinto 2009 - 14
Três Bagos 2007 - 15,5
Gadiva Reserva 2007 - 15
Meruge Tinto 2007 - 17,5
Quinta da Costa das Aguaneiras 2007 - 17,5
1 comentário:
Sem duvida, mais um belo relato que nos faz viajar, tive o privilegio de provar o tinto três bagos e gosteis bastante.
Aproveito para desejar um óptimo 2012, cheio de tudo.
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