quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

VINHO CASEIRO


Este feriado, num almoço de familia, provei dois vinhos. Um deles, foi feito de uma maneira que ao lerem, muita gente vai ficar pasmada ou com um pé atrás. Mas que raio de maneira de fazer vinho. E saiu vinho? Pois saiu, e que vinho.
À 6 anos o meu padrinho foi ao Alentejo, Moura, e comprou uns quilos de uva para fazer vinho.
Trincadeira, Aragones e Moreto. Desengace à mão na quinta onde comprou as uvas, transportou-as para Mem Martins em alguidares grandes. Descarregou os alguidares cheios de uva e encostou-os a um canto, onde a temperatura no Verão não passa dos 25º e no Inverno não cai abaixo dos 10º. Durante 7 dias, mexeu as uvas com um pau de carvalho, adicionou leveduras, retirava as porcarias que ficavam por cima e foi mexendo sempre até parar de fermentar. Depois, o mosto acentou, e ficou ali tapado durante três meses.
Diz ele que é uma maneira tradicional de se fazer vinho no alentejo. Quando engarrafou, o vinho estava potente. Muita fruta madura, carregado de cor, taninos médios e com 17º de alcool. Potente.
Ontem, abriu-se a ultima garrafa desse vinho. Estagiou deitado, na adega, com boa condição climaterica.
Aspecto limpido, lágrima persistente e de cor vermelho acastanhado. No nariz, limpo, a mostrar desenvolvimento, já com alguns aromas terciários como frutos secos, passa e algum bafio mas ligeiro. Na boca, seco, corpo médio, mais passa, taninos muito suaves, final mediano e complexidade ligeira. Uma grande surpresa, pois para um vinho que à partida não foi feito com os procedimentos normais, saiu um vinhão daqueles que dá vontade de ter sempre uma garrafa por perto para abrir. Pena é que era a ultima garrafa. E acompanhou na perfeição um coelho no forno.
O ano que vem o meu padrinho quer fazer novamente vinho e aí já vou estar por perto na sua produção.

Nota: 18
Preço: ?

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